10 de fev. de 2012

Rosas da Memória....e a obra de Paulo Von Poser


Te ofereço rosas, rosas de minhas memórias


Paulo ganhou um quadro de rosas de sua avó que foi parar no museu junto com as outras rosas que fez e refez durante seus 30 anos de trajetória artística. Paulo Von Poser fez parte do “Faça Memórias” através de sua exposição e de suas obras que transcenderam as memórias desses 30 anos de carreira. Foi uma visita às rosas contidas nas memórias, um pouco turvas, das senhoras e senhores que ao longo da vida souberam cultivar seus botões e que, por felicidade nossa, fazem parte desse grupo de idosos dispostos a nos entregar, como presente, suas lembranças em forma de flor.

Eu te ofereço uma rosa, mas que rosas são estas que você recebe? Que rosas são estas? Uma senhora nos fala do amor como um botão fechado, delicado que se abre no esplendor da rosa. Como é belo! No grupo, outra senhora diz que a rosa tem o poder de humanizar o ambiente, outra lhe dá o nome de paixão, e lá no fundo alguém diz que nasceu de uma rosa. Na memória, rosas plantadas, colhidas, recebidas e pintadas.

Continuamos a visita à exposição e todos idosos olhavam com atenção e ternura para cada obra ali exposta. Que poder é este da Rosa? Que poder é este da Arte? Seguimos, com o olhar atento para uma rosa no chão, feita de ferro, mas pintada de branco, que chama atenção de uma senhora por suas sombras projetadas como um desenho capaz de exalar o aroma da flor. Aroma que vai além da rosa leve que flutua em uma linha sem fim, uma rosa branca que todos tocam e sentem vibrar. Uma rosa de ferro leve e pura, que se agita e deixa de ser estática. Como é bom poder tocar nas obras e acabar com a distância e entrar na sua intimidade.

É na grande paisagem de uma São Paulo, cinza e imensa, que vimos espaços de respiros no bordado delicado da flor. São os Oasis dos lugares queridos, o tempo em que se bordava e o tempo que o trânsito nos tira. É uma imensidão em uma estampa sem fim.

Por fim, sentamos na frente do “ENCONTRO”, uma instalação feita em conjunto, pois a arte não é sozinha. A arte é plural. Cada um intitulou a seu gosto: miscelânea, fantástico, depósito arrumado, vitrine, altar, grande família, relicário. Como foi lindo!

A filha da Rosa se lembrou das coleções de pedra de sua mãe, percebeu que sozinhas não tinham muita graça, mas que juntas faziam um arranjo lindo. Alguém viu na manta de retalhos o universo micro e macro, as pequenas partículas e objetos que montam a imensidão. Acho que somos um pouco isso, uma pequena partícula em vibração; e como estávamos vibrantes com tanta arte e tanta beleza.

E já se iam 2 horas! Que delícia! Cada um recebeu uma porção de massinha colorida, para fazer, a seu modo, a sua rosa... E quantas rosas diferentes! Rosas que foram vistas, apreciadas e vividas ao longo desta exposição. Rosas que puderam ser entregues ao próprio artista para fazer parte do seu “altar”, afinal foi ele, através de sua Arte e de sua presença, que nos ofereceu a oportunidade de visitar nossas rosas na nossa memória.

“Ah, se eu fosse o pequeno príncipe, iria guardá-las em uma redoma de vidro numa tentativa de protegê-las de qualquer ameaça do esquecimento.
Que poder tem a rosa! Que poder tem a Arte!”
A você, Paulo, te oferecemos rosas! As mais lindas de nossa memória!

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